Dia destes recebi umas fotos de objetos e quadros que fiz para minha prima, ela queria saber se tinha como lavar/recuperar pois estavam sujos devido ao uso de 10 anos.
O espelho com borda de crochê não teria como lavar, pois a estrutura era um bastidor de madeira. O outro era uma xilogravura que ficou com as bordas amareladas, provavelmente pelo excesso de tinta - eu estava aprendendo a manipular a entintagem naquela época - seria possível tirar a moldura e fazer um paspatur (ou em francês passe-partout) cobrindo a mancha, e resolveria.
Respondi com as informações acima e acrescentei que ela poderia não usar mais, afinal ficaram 10 anos decorando a varanda dela, e cumpriram seu papel. E que eu mudei minha forma de pensar e não sairia dando peças assim para todos, afinal o que você vai colocar na sua parede é algo muito pessoal, muito íntimo, tem que ter relação com os moradores.
Na época eu estava empolgada, tinha aprendido a costurar, a fazer crochê, tava com o blog, estava presenteando todo mundo com as minhas criações, e não pensei sobre isso, se a pessoa gostaria daquilo ou não.
Ela me mostrou outras peças que também estão nas paredes, como o bordado em ponto cruz dos nossos avós, este eu tenho certeza que faz sentido, tem a ver com laços familiares, mas os outros, talvez não.
Quando li o livro da Marie Kondo já comecei este processo de mudança. Por quantos anos guardamos presentes, sejam roupas, ou objetos que não usamos, não gostamos, só para agradar quem nos deu? O presente cumpre seu papel assim que foi recebido, caso você não use ou não goste, passe a diante, troque, doe...ele pode ter sentido em outro lar, em outra família.
Uma das minhas primas se mudou do Brasil e levou com ela uma Nossa Senhora de Fátima que fiz em crochê para ela. Foi uma das minhas primeiras peças, imagina a minha surpresa quando ela me disse que tinha levado a santinha? Pense nas escolhas que você precisa fazer quando muda de país, o tanto de coisa que tem que deixar para trás e levar apenas o que cabe em duas malas? Neste caso eu conhecia bem a devoção dela, sabia que tinha sentido aquele presente.
Pense nisso na hora de escolher o que dar, e jamais pergunte a quem você presenteou onde está a peça, se você não gostou da roupa...
Voltei depois de um dezembro de muito trabalho e já trazendo reflexões para este início de ano.
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